Union des Transports Aériens de Guinée - UTA |
O 727-223 Advanced de prefixo 3X-GDM ainda nas cores básicas da American Airlines, mas com títulos e prefixo da UTA
Em uma tarde quente de Natal, o Boeing 727-223 Advanced prefixo 3X-GDM da Union des Transports Aériens de Guinée (UTA), alinhou-se para decolagem na pista 24 do aeroporto de Cotonou, no Benin. Com 161 pessoas em seu interior (154 passageiros e 7 tripulantes), a aeronave, equipada com motores JT8D-9 HK3 iniciou sua corrida rumo a um destino indesejado: a praia, aproximadamente 500 metros depois da cabeceira da pista. Este acidente deixou um saldo de 139 mortos. Testemunhas afirmam que o Boeing 727 decolou, mas não chegou a subir mais do que dois ou três metros de altura. Com os trens ainda baixados, atingiu com a parte traseira uma instalação de rádio do aeroporto (ILS) próxima da pista, alinhada com seu eixo central, deixando ferida uma pessoa que estava no prédio, que ficou semi-demolido. A aeronave voou um pouco mais pegando fogo e, em seguida, caiu sobre a cerca do aeroporto e parou na praia, desintegrando-se e deixando parte da sua fuselagem na água (mais ou menos a 100 metros da costa) e parte nas areias.
A televisão do Benin mostrou imagens da fuselagem e uma testemunha disse à agência de notícias Reuters que viu mais de 30 corpos enfileirados próximo de onde o avião caiu. A companhia UTA opera vôos charter entre o Líbano, países da África e os Emirados Árabes Unidos. Uma fonte do governo do Benin disse que nas primeiras horas após a queda, já tinham sido contabilizadas pelo menos 82 vítimas. Muitas pessoas e até mesmo jornais e tv's da região divulgaram que o Boeing 727 "certamente, estava com sobrecarga". Outras disseram que a aeronave "teve problemas em terra antes de decolar", citando uma importante fonte aeronáutica anônima. Esta mesma hipótese foi levantada pelo Ministro das Relações Exteriores do Líbano, Jean Obeid, na volta ao seu país. o jornal Hindustan Times, citando uma fonte da Associated Press do Líbano, disse que um dos sobreviventes, um garoto de 14 anos chamado Abdelrahman, informou que ele estava sentado no corredor, porque o avião estava com todas as poltronas lotadas e que havia mais gente no corredor, como ele. Ainda segundo esta fonte da Associated Press, o Boeing 727 já havia tentado uma primeira decolagem, abortada.
O vôo iniciou-se em Conakri, capital da Guiné e fez uma escala em Freetown, na Serra Leoa. Algumas fontes disseram que a aeronave poderia estar levando 253 pessoas ao invés das 161 informadas, o que não era verdade. Porém, a empresa tem uma má-fama na região, e a Reuters informou que o governo do Líbano recusou-se a conceder licença de funcionamento à companhia aérea UTA quando esta quis instalar-se em seu território, porque a empresa "não preenchia as condições técnicas", segundo ressaltou na quinta-feira, 25 de dezembro, o ministro libanês dos Transportes, Najib Mikati, citado pela agência oficial de notícias do país, a ANI. "Como todas as outras companhias, entretanto, ela teve acesso ao aeroporto de Beirute, aproveitando-se da política de céu aberto", acrescentou. A companhia UTA, registrada na Guiné, pertence a imigrantes libaneses, um dos quais estava no aparelho no momento da queda. A UTA Opera com dois Boeing's 727-223 Advanced (ex-American Airlines) nas ligações entre Conakri, Freetown, Cotonou, Beirute e Dubai.
22 pessoas foram encontradas com vida no local do acidente. As buscas continuaram por toda a sexta-feira, apenas pelos corpos dos desaparecidos, pois já não se tinha mais esperanças no encontro de sobreviventes. Ao final da tarde do dia 26, o que sobrou da aeronave foi retirada da água e mais corpos foram encontrados. Os parentes das vítimas estão sendo levados para um hospital próximo do local, onde fazem o reconhecimento em um caminhão refriferado que está servindo de necrotério, já que o do hospital não possui capacidade para acomodar todas as vítimas. Os sobreviventes, todos eles da parte traseira da aeronave (com exceção do co-piloto líbio) dizem que no momento da queda houve muitos gritos e só se lembram, depois, do barulho e da explosão. Um deles, Khodor Farhat, disse que logo que saíram do chão, o avião sacudiu e bateu, fazendo com que as pessoas voassem dentro da cabine. Ele perdeu os sentidos por alguns instantes, mas acordou na água e nadou alguns metros até a praia, sendo ajudado pelas pessoas que chegavam e levado até o hospital. Outro, Hamza Hamoud, de 28 anos, disse que ele e mais nove amigos estavam brincando e rindo quando o avião iniciou a decolagem. Ele afirma que se lembra de uma batida e da sentir água em seu corpo. Foi o único sobrevivente em um grupo de dez pessoas. Uma das comissárias, Aminata Bangoura, também sobrevivente, disse que pouco depois da decolagem o avião bateu em algo a alta velocidade. Em meio aos gritos dos passageiros, ela afirma não ter podido nem mesmo orientar as pessoas "foi muito rápido", disse. Ela foi salva por dois homens em um bote. Dos sobreviventes, doze são libaneses, dois palestinos e um é sírio. Não se conhece a nacionalidade dos outros sete e o manifesto de vôo (lista dos passageiros a bordo) desapareceu.
Autoridades Libanesas em Benin divulgaram que 139 corpos foram recuperados. A aeronave levava em sua maioria libaneses, mas tinha também em seu interior, cidadãos de Benin, Guiné, Serra Leoa e até um contingente de 15 militares de Bangladesh, que retornavam do serviço na Força de Paz da ONU na Libéria e na Serra Leoa. Todos morreram no acidente. Porém, como a maioria era de libaneses, este país está muito envolvido na busca dos corpos e nas investigações. Na noite de quinta para sexta-feira (dia 25 para 26), grupos de barcos com mergulhadores libaneses procuravam mais corpos para envio ao seu país, sob a luz de holofotes, enquanto tratores puxavam os destroços (entre eles um motor do 727) para dar mais espaço às buscas. Até mesmo o homem responsável pelo fretamento da aeronave, também libanês, estava no avião com sua mulher e seu filho. Funcionários do aeroporto disseram que o Boeing 727 teve problemas para recolher o trem de pouso após sair da pista, o que fez a polícia local abrir inquérito para apurar os fatos. A polícia também está tendo trabalho para dispersar os curiosos, que começaram a querer levar peças do avião para vender. Os gravadores de vôo, conhecidos como caixas-pretas, já foram encontrados e estão sendo analisados.
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