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PÁGINA ATUALIZADA EM 27.12.2003

O que você acharia se estivesse voando em um Boeing 727 a mais de 800 Km/h e sentisse o avião iniciar um mergulho acentuado, que te deixasse literalmente sem peso algum, em gravidade zero, por quase meio minuto? Parece a descrição do início de um acidente, não é? Mas isso é parte do pacote de aventuras de microgravidade que a Zero Gravity Corporation oferece aos que tiverem coragem de viajar em sua aeronave. São vôos suaves mas cheios de adrenalina, onde artistas, empresários, pessoas comuns e até crianças estarão em breve descobrindo como é ser astronauta por alguns minutos. Saiba mais neste especial, exclusivo do 727 Datacenter.

Imagem original: Zero G Corporation


A idéia não é nova: desde os anos 60 a NASA, a USAF e outras forças aéreas criaram seus "laboratórios" de vôo sem gravidade, utilizando-se essencialmente de modelos KC-135 (Boeing 707) modificados. Porém, voar nestas aeronaves era uma experiência somente reservada para militares de alta patente, candidados a astronauta (ou astronautas em treinamento/reciclagem) e uns poucos e sortudos milionários. A Zero G Corporation resolveu mudar esta realidade e, de olho em um mercado que inclui empresas de cinema, celebridades, programas motivacionais e pessoas comuns, criou e certificou a chamada Zero G Aircraft, baseada no Boeing 727-200. O trabalho foi árduo, intenso e muito técnico, mas ao final, permitiu a empresa o direito de ter não apenas o seu 727 liberado para vôos deste tipo, mas uma verdadeira frota conjunta com outras empresas aéreas tradicionais que possuam modelos 727, pois as modificações não comprometem nem a funcionabilidade da aeronave e nem sua performance para vôos cargueiros comuns. Assim, desde 14 de outubro de 2002, os 727 da Zero G Corporation e de parceiros dela já podem voar como cargueiros durante a noite e como aviões Zero G durante o dia ou mesmo nos finais de semana.

Nos Estados Unidos não existem concorrentes para a empresa. Na Europa, a francesa Novespace sediada em Paris e subsidiária da agência espacial francesa (CNES), oferece vôos semelhantes em um Airbus A300 modificado, mas não de modo regular. Já a Space Adventures, sediada no Canadá, intermedia vôos em um Ilyushin 76 da ag~encia espacial Russa, mas ao alto custo de US$ 5,400 por pessoa, fora as despesas de viagem até o país asiático.

Segundo a Zero G Corporation, só existem dois métodos de experimentar a falta de gravidade: ou você vai (literalmente) para o espaço em um foguete ou voa em uma aeronave especialmente preparada para vôos parabólicos, manobras que conseguem criar esta condição de gravidade 0 dentro do avião. Os vôos, operados por tripulantes especializados, têm as manobras especiais realizadas entre 24 e 32.000 pés de altura (7.300 e 9.700 metros, aproximadamente). As parábolas se assemelham a uma montanha russa, na qual a aeronave primeiro inicia uma subida com ângulo de 45º que dura em torno de 20 segundos. Após, o avião é nivelado e a experiência de gravidade 0 tem início juntamente e dura 25 segundos. Em sequência, uma descida que se inicia suavemente e chega a um ângulo acentuado (30º nose down) com lenta recuperação, para que os passageiros não caiam, mas sim, encontrem o chão da aeronave sem se machucar. A gravidade aumenta novamente até 1,8 G e então... começa tudo outra vez. Durante um vôo típico do Zero G, as cargas G variam entre 0 G e +1,8 G's, o que está dentro dos limites estruturais do avião, que varia entre -1G até +2,5G's.


Imagem original: Zero G Corporation


Mas, afinal, o que é essa microgravidade? Este é o termo técnico aplicado às manobras de queda livre dentro de um campo gravitacional destinadas a reduzir o efeito da gravidade e, assim, reduzir também o seu peso por alguns instantes. O termo, então, significa gravidade reduzida ou mesmo próxima de zero. Este estado pode ser criado pela retirada de um objeto da área de atuação da gravidade terrestre, como uma viagem pelo espaço, por exemplo, ou através da queda livre. Neste último método, é como se uma pessoa estivesse dentro de um elevador no alto de um prédio e os cabos fossem cortados. Ambos cairiam na mesma velocidade, atraídos pela gravidade, mas a pessoa dentro do elevador, naquele espaço confinado, estaria flutuando.


Imagens originais: NASA


Para que os astronautas pudessem aprender a se movimentar com a gravidade reduzida nas suas naves (e mesmo zero, no espaço), a NASA desenvolveu um sistema para que essa situação pudesse ser reproduzida de forma mais barata e constante, encontrando a solução no uso de modelos Boeing KC-135 (baseados no 707), quadrimotores. Nestes vôos, que realizam parábolas constantes, os tripulantes dos vôos espaciais fazem experiências, se alimentam e aprendem a conviver com a falta de peso. Os vôos ganharam logo o apelido de Cometa do Vômito (Vomit Comet) e, em geral, duram de uma a duas horas.


Imagem original: Zero G Corporation


A Zero G Corporation está selecionando parceiros para poder oferecer vôos desse tipo em todo o território Norte-Americano e também no Canadá, em praticamente qualquer cidade e regularmente. A empresa já realizou planejamentos com a FAA e possui planos de vôo com áreas livres para a manobra sobre o território dos EUA, o mar, desertos e lagos. A empresa também possui conjuntos de pallets que podem ser enviados com antecedência para as localidades onde a aeronave vai atuar, permitindo que o ambiente seja personalizado, o que é muito útil para os clientes, sejam empresas que precisam de um laboratório para experiências em gravidade zero, seja um estúdio de cinema com um cenário ou mesmo uma decoração para um evento. Com estes pallets, em pouco tempo o Zero G se torna um ambiente personalizado e a mudança de configurações é bastante rápida.

A Zero G Corporation oferece ainda experiências diferentes, como a gravidade de Marte, que é um terço da gravidade da Terra, a gravidade da Lua (um sexto a da Terra) ou ainda, a gravidade literalmente zero, onde a pessoa fica totalmente sem peso. O número de parábolas, ou seja, de experiência da gravidade escolhida, pode variar de 20 até 60 vezes em um único vôo, dependendo da necessidade da operação, que é totalmente individualizada às necessidades dos contratantes. A segurança é reforçada, seja no equipamento, seja no treinamento e no planejamento das operações. A empresa Zero G Corporation desenvolveu suas atividades com o suporte técnico da NASA e pretende manter o recorde de segurança do órgão americano, que em mais de quarenta anos, já efetuou mais de 150.000 parábolas em vôo para treinar seu pessoal, sem nenhum acidente nestas operações. Aeronave, planos de vôo e pessoal de operações foram especialmente modificados, desenvolvidos e treinados.


Imagem original: Zero G Corporation


A empresa Zero G Corporation está oferecendo o seu sistema para empresas, desenvolvendo um novo programa que irá aliar o Zero G a cursos de incentivo ou outras estratégias de motivação empresarial, destinados às grandes corporações. Em paralelo, está criando ainda eventos de publicidade, com trajes de vôo personalizados para as empresas, interior com logomarcas e outras características exclusivas, para que as empresas possam também oferecer este tipo de experiência para clientes e fornecedores, fazendo um marketing inovador e agressivo.

Faculdades e empresas tem necessitado, cada dia mais, realizar experiências em situações de gravidade zero e, neste mercado, a empresa Zero G Corporation está oferecendo um programa atraente, que inclui a flexibilidade de tempo e local da experiência, espaço totalmente configurável de acordo com as necessidades da empresa e de modo prévio, via pallets, o que torna mais barato a instalação ou o reparo destas, sem a necessidade de se parar também a aeronave por longos períodos, a eliminação de testes médicos exigidos pelos governos para testes deste tipo em aeronaves da NASA e o melhor: preço competitivo. Empresas de cinema e TV estão contratando o Zero G para efeitos especiais que seriam muito caros ou impossíveis em outras técnicas e, muitas vezes, apenas para ter cenas reais de gravidade zero em suas produções. No momento a empresa Zero G Corporation está também procurando parceiros para oferecer ao público comum, em todos os estados americanos, a experiência de vôos com experiência de gravidade zero, o que deve se tornar, em breve, um sucesso.


Imagem original: Zero G Corporation


A aeronave serial 21366, que foi o 727 de nº 1274 na linha da Boeing, é um legítimo 727-227 Advanced, ecomendado pela legendária empresa texana Braniff Airways. Seu primeiro vôo foi em 24 de junho de 1977 e sua entrega se deu em sete de julho do mesmo ano, com o prefixo N452BN e equipado com 129 assentos e pintado no esquema Flying Colours em azul. Esta aeronave nunca recebeu outro padrão de cores na época da Braniff original. Após a falência da empresa foi vendida em 30.05.1985 para a Continental Air Lines, recebendo o prefixo N70755 em julho de 1986, com o qual operou até 1999. Em 28.09.1987 a aeronave foi vendida para a Polaris Aircraft Leasing e alugada pela Continental Air Lines (lease-back), o que se repetiu em 28.05.1997 com a Triton Aviation Services. Este 727 ainda foi vendido para a Finova Corporation que o alugou para a All Canada Express, com o prefixo C-FACW até 2002 quando foi retirada de uso e guardada em Phoenix, no Phoenix Goodyear Airport. Foi comprado pela Zero Gravity Corporation em 2002 e passou por extenso programa de desenvolvimento e aprovação do novo padrão de vôo, recebendo sua certificação no final daquele ano (Supplemental Type Certificate - ST01051LA). Hoje, além da maior parte da fuselagem destinada ao "vôo" sem gravidade dos passageiros, possui capacidade de instalação de três pallets para transporte de passageiros. O N70755 é chamado pela empresa e pela imprensa de Zero G Aircraft.

A aeronave da empresa foi escolhido por ter o mesmo interior dos aviões que a Nasa utiliza, todos baseados no KC-135 e, segundo a Zero G Corporation, por ter motores traseiros, oferece uma parábola mais suave aos passageiros. O N70755, por já ter sido convertido em cargueiro quando comprado pela empresa, possui uma larga porta lateral, permitindo que a empresa se utilize de pallets para mudar as configurações de espaço de acordo com sua necessidade, podendo ter uma área de quase 22 metros totalmente livre para a flutuação dos passageiros ou mesmo, transporte noturno de carga. A Zero G Corporation preferiu o 727 por ele ser um avião ainda bastante utilizado, o que reduz custos de manutenção e permitirá, inclusive, aumentar a frota dos 727 da empresa, se necessário. Diversas modificações foram realizadas no avião, mas durante um vôo típico as cargas G variam entre 0 G e +1,8 G's, o que está dentro dos limites estruturais do avião, que varia entre -1G até +2,5G's. Por todas estas características (performance, tamanho, peso, custo, manutenção, segurança e disponibilidade), o 727 foi escolhido entre os modelos KC-135, 707, 737, 757 e DC-9.

As mudanças que a empresa efetuou na aeronave estão homologadas pela FAA (para atuação sob as regras Part-121) e receberam também uma patente (#5,971,319). O programa de vôo foi extenso e cobriu todas as modificações no sistema hidráulico da aeronave, bem como os reforços estruturais e sistemas de controle. A FAA estava particularmente preocupada em analisar os efeitos deste tipo de vôo na estrutura do 727, mas acabou por aprovar integralmente o pedido da Zero G Corporation, o que demonstrou, mais uma vez, a força e a durabilidade do Boeing 727.










Sérgio Ricardo

Maiores informações no site da empresa Zero Gravity Corporation