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PÁGINA ATUALIZADA EM 10.12.2006

É umj dos maiores mistérios do século 20: em 24 de novembro de 1971, um homem de nome Dan Cooper embarcou em um 727 da Northwest Airlines para um vôo entre Portland e Seattle, sequestrando o avião e seu passageiros. Após a decolagem, novamente em vôo para Portland, o criminoso saltou de paraquedas sobre uma floresta e nunca mais foi visto outra vez. Este é o mistério de Dan D.B. Cooper que vamos conhecer em detalhe, envolvendo diretamente o Boeing 727, pois tudo se passou na aeronave N467US, um 727-51 de número 137 na linha de montagem, com número de série 18803.


Diversos livros, websites e até um filme exploram o mistério do roubo a 10.000 pés


No início, era apenas um vôo normal para Seattle que decolaria do aeroporto internacional de Portland (PIA) na véspera do Thanksgiving, o dia de ação de graças nos EUA, feriado nacional e grande incentivador de tráfego aéreo. O bilhete, só de ida, do vôo 305 para o aerporto de Tacoma (TAC) custou apenas uma única nota de 20 dólares ao homem que se identificou com Dan Cooper. Os sequestros de avião eram um tanto comum na época. Foram cerca de 150 deles entre 1967 e 1972, mas todos eles com motivação política, feitos por jovens idealistas e sem responsabilidade. Assim, ninguém suspeitou daquele homem de meia idade, bem vestido, que adentrou a aeronave como um respeitável senhor. O que ninguém sabia é que, ao contrário dos jovens idealistas, aquela era uma mente que planejara tudo com um único objetivo: o dinheiro.

Pouco depois das quatro da tarde, Cooper foi recebido pela equipe de cabine, passou pelos 36 passageiros espalhados pela aeronave e sentou-se no fundo do avião, na fileira 18, pois a aeronave estava bem vazia naquela tarde. O comandante William Scott não tinha nem decolado o 727 de Portland para Seattle quando, as 16h35, Cooper passou um bilhete para a comissária Flo Schaffner exigindo 200 mil dólares em notas novas e não marcadas, quatro paraquedas e nenhuma "gracinha" por parte das autoridades. No bilhete ele mencionava ter uma bomba a bordo, mas não se tem conhecimento correto dos termos do bilhete, uma vez que Cooper levou-o consigo quando fugiu.

Como eram comuns as paqueras com comissárias, Flo Schaffner pensou que o bilhete era neste sentido e nem o leu, guardou no bolso. O bilhete permaneceu sem leitura até que o 727 decolou e o aviso de afivelar os cintos foi desligado. Só então a comissaária leu o que havia recebido de Cooper e avisou a tripulação, que alertou o controle de vôo e os órgãos de segurança aérea. A comissária foi instruída a ir falar com Cooper e ver se ele realmente tinha uma bomba. Ele, discretamente, abriu sua maleta e mostrou para a perplexa Flo Schaffner que ela continha uns cilindros vermelhos e muitos fios conectados. A ameaça foi considerada real e Cooper tornou-se o centro das atenções, mas somente falando por meio de bilhetes ou mesmo oralmente, com as comissárias. Na época, não havia detectores de metal nos aeroportos e as bagagens de mão, como a de Cooper, não eram revistadas.

O FBI ficou intrigado com o pedido de 4 paraquedas, o que queria dizer que ou ele tinha cúmplices na aeronave ou que pretendia levar reféns com ele na fuga. Hoje se cogita que ele pediu quatro para forçar as autoridades a não sabotarem o equipamento. O Boeing 727 circulou sobre Seattle até as 17h24 quando o FBI informou que tinha o dinheiro e os paraquedas. Apesar das notas não terem recebido marcas, a polícia copiou todas as 10.000 notas de 20 dólares para microfilmá-las e ter os números de série, pensando em rastrear o criminoso depois. A aeronave pousou as 17h40 e, apesar do vôo que dura normalmente 45 minutos ter durado 65, os demais passageiros não tinham noção do que estava acontecendo. Após o pouso, Cooper deixou os passageiros desembarcarem, permanecendo com a tripulação de cabine e uma comissária da primeira classe.

Cooper recebeu o dinheiro e os paraquedas e exigiu que o avião decolasse em direção ao México. No comando estava o co-piloto William Rataczak. O Boeing 727 foi reabastecido, mas como Cooper pretendia saltar com o paraquedas, instruíu o co-piloto a voar com os trens baixados, flaps 15, não exceder 170 milhas por hora e não voar além de 10.000 pés. Entretanto, nesta configuração, a aeronave não conseguiria chegar até o México, razão pela qual Cooper concordou em um pouso para reabastecimento em Reno, Nevada. Após a decolagem, as 17h44, Cooper pediu a comissária Tina Mucklow Larson, a única que permaneceu no avião, para que ela lhe mostrasse como baixar a escada traseira do Boeing 727 em vôo e que, após, fosse para a cabine e ficasse lá com o resto da tripulação pelo resto do vôo. Ao fechar atrás de si a cortina da primeira classe, uma última olhada da comissária permitiu ver que Cooper estava se preparando, amarrando algo ao pulso e a mochila contendo o dinheiro.



Boletim do F.B.I. com dados do bandido e seu retrato falado


Por volta das 20h00, no cockpit, a tripulação notou uma luz vermelha no painel indicado que a escada havia sido baixada. O piloto, alarmado, comunicou-se pelo interfone com a traseira do avião, perguntando se estava tudo bem e se Cooper precisava de algo, recebedo um não em resposta. Foi a última palavra que se ouviu de D.B. Cooper. Pouco depois das 20h11, a tripulação percebeu vibrações na traseira do avião, a qual se acredita tenha sido causada pelo salto do criminoso, que forcou a escada de modo que ela fechou-se e abriu-se outra vez. A USAF, Força Aérea dos Estados Unidos tinha um par de F-106 seguindo o Boeing 727 a uma distância de 5 milhas, mas os pilotos não viram o salto de Cooper. Ralph Himmelsbach, o agente do FBI que estava encarregado do caso e liderou as investigações por quase uma década, tentou seguir a aeronave de um helicóptero, msem sucesso.

O FBI não estava nem mesmo certo do salto de Cooper, até vasculhar o avião após seu pouso em Reno, onde nada além de dois paraquedas e diversas cigarrilhas Raleigh foram encontrados. Cooper deixou o 727 a uma altura de 10.000 pés, quando o avião estava a 196 milhas por hora. Naquela véspera de Thanksgiving, uma tormenta deixava o tempo no local muito ruim: temperatura externa de 7 graus negativos e ventos soprando forte (80 nós), com sensação térmica de 70 abaixo de zero em razão da chuva forte. Ainda assim, o tempo para se chegar ao solo era de apenas 15 segundos e é plenamente possível sobreviver-se a isso, mesmo com terno, que era a roupa de Cooper. Se ele morreu, provavelmente foi por não conseguir abrir o paraquedas ou por não ter como se manter na floresta coberta de neve da região do salto. O FBI montou uma equipe de 300 pessoas, com aviões e helicópteros para procurar Cooper no local, mas nada encontraram. Encontraram corpos de pessoas há muito desaparecidas na área, mas nada do misterioso ladrão. Alguns procuram o local até hoje...


Em 10 de fevereiro de 1980, um garoto de nome Brian Ingram estava preparando uma fogueira perto de um rio a noroeste de Vancouver, estado de Washigton quando encontrou um saco meio enterrado contendo 5.800 dólares em notas de 20, que o FBI rapidamente identificou como sendo do lote dado a de D.B. Cooper. Teria o dinheiro se perdido na queda ou o criminoso plantou-o como parte de um enigma para os investigadores? Nunca se encontrou qualquer vestígio dos outros 194.200 dólares (que atualmente, com os ajustes financeiros necessários, valeriam 650.000 dólares). Outra razão para a não solução do caso foi a erupção, em 18 de maio de 1980 do Monte Santa Helena, que cobriu a área envolvida no caso com grande quantidade de cinzas, sepultando mais ainda as evidências que pudessem existir.

Um homem de Portland chamado Daniel B. Cooper foi investigado e inocentado. A alcunha D.B. Cooper persiste até hoje, apesar do próprio criminoso ter se identificado como apenas Dan Cooper. Mais de 100.000 suspeitos foram investigados, 1.000 deles seriamente. O aparente sucesso de D.B. Cooper foi um incentivo para três jovens que sequestraram e depois pularam de paraquedas de um Boeing 727 da United Airlines em 1972. Os três foram capturados e e um deles dfoi morto pelo FBI, mas provaram, que era possível sobreviver ao salto de um 727 em vôo. Alarmada, a FAA exigiu que a Boeing modificasse a escada ventral do Boeing 727 com um equipamento externo que pudesse impedir sua abertura em vôo, que tornou-se obrigatório, connhecido como Cooper Vane (aleta Cooper). Logo depois, equipamentos foram instalados nos aeroportos e tornaram-se também obrigatórios para vferificar as bagagens e evitar que explosivos fossem levados para dentro dos aviões.

O caso nunca foi resolvido. O FBI possui mais de 100 volumes de investigação. De tempos em tempos, uma mulher diz que seu marido era (ou é, quando ainda vivo) D.B. Cooper, mas nunca se provou nada. Nos Estados Unidos o caso é cult e dá grande repercussão. O mais próximo que se chegou foi com o caso de Duane Weber, da Florida, que morreu de câncer em 1995 e sua mulher, em 2000, disse ser D.B. Cooper. Porém, mais uma vez, nada se provou. Um livro lançado em 1984 por Richard Tosaw chamado "D.B. Cooper: Dead or Alive" (disponível na Amazon.com) dedica um quinto de suas páginas a listar as 10.000 notas de 20 dólares que D.B. Cooper recebeu e oferece uma recompensa de 10.000 dólares por alguma nota do dinheiro do resgate. O prêmio não tem ganhadores até agora.

O mistério ainda vive... Mas, infelizmente, o 727 usado não mais. A aeronave serial 18803, que foi o 727 de nº 137 na linha da Boeing, é um 727-51, ecomendado pela empresa que na época se chamava Northwest Orient Airlines. Sua entrega se deu em 22 de abril de 1965, com o prefixo N467US. Em 1982 foi vendido para a Piedmont Air, recebendo o prefixo N383N com o qual operou até 1985. Em maio de 1985 a aeronave foi vendida para a Key Airlines, voando para o governo americano em vôos charter para o deserto de Nevada, onde costumava pousar na base aérea de Tonopah, berço do caça F-117 Stealth. Este 727 ainda foi vendido para a WorldCorp em 1993, com o fim da Key Air, sendo desmontado e vendido em peças no mesmo ano. Segundo um piloto da Key Air que não se identificou, eles sabiam que tinham uma raridade nas mãos, o 727 de D.B. Cooper e por isso, o chairman da empresa fez questão de guardar as plaquetas de identificação da aeronave após seu último vôo.


Foto/Picture: Bob Garrard

Foto/Picture: John F. Ciesta

Foto/Picture: Ellis M. Chernoff




Sérgio Ricardo